sexta-feira, 20 de agosto de 2010

È BI!

Ela acorda às 2hs da manhã e não consegue dormir mais...

Vira para um lado e para o outro e aquela ansiedade, a trilha sonora ... “Vamo, Vamo Meu Inter, eu te quero eu te precisoooo!” não sai da cabeça...

Pensa, relembra o ano, os jogos, Giuliano fazendo gols decisivos, a volta do Sóbis, a vontade que ela tem que o amigo Damião jogue e se firme no grupo, D’alessandro seu marrento predileto, Bolívar o Capitão que agora é guardado junto de Fernandão e Magrão, seus ídolos que viraram amigos...

Ela tenta rezar, conversa com Deus, mas derrepente “se pega” deixando a oração pela metade, lhe falta a concentração...

E o tempo passa, ela “cai da cama” às 5hs da manhã e toma café, com a mãe, fiel companheira das horas de angústia, que lhe diz pra se acalmar que “vai torcer e segurar o adversário” para que ela seja feliz...

Ela sai de casa, o coração não cabe no peito...

Chega no trabalho já com os olhos marejados ao receber o abraço do colega Colorado que diz: “Calma guria, te conheço, tu tá ansiosa... Não chora, vamos conseguir!”
Aquilo soa como uma bênção...

Ela começa a trabalhar, tenta se afastar das notícias, mas de nada adianta...
12hs, tá na hora de ir embora, sair daquela manhã que não passava nunca!

No caminho ao encontro de mais uma Luciana, lembra-se mais um pouco da trajetória e chora na Lotação... “Azar de quem me ver, sou Colorada e quem também é também está assim...”

No caminho ao Gigante as duas conversam, cantam músicas da Guarda Popular, batem no painel como se fossem instrumentos e como se as duas tivessem 13 anos de idade...
Mas é o dia, o dia delas!

Perto do Gigante elas já avistam a movimentação dos Colorados nas redondezas e no pátio...

São centenas, milhares de pessoas ansiosas como elas, todos com o mesmo pensamento... Seremos BI!

O tempo vai passando, o encontro com amigos, os planos para o futuro, as observações sobre o que já viveram...

Elas sentam à sombra de uma árvore, conversam, se maquiam...
São Mulheres Apaixonadas! E mulheres apaixonadas costumam estar impecáveis para seu maior amor...

A tarde cai e ao anoitecer elas adentram o Gigante... E com elas uma multidão... Alguns com o semblante de confiança, alegres, saltitantes... Outros com o semblante fechado, preocupado, apreensivo...

Na Mureta, local onde costumam se concentrar, as MMs se encontram, conversam, dançam, combinam como vão usar “o adereço da noite...”

São Olhos destacados pela maquiagem, unhas vermelhas da cor da mais amada bandeira, corações cheios de um sentimento quase inexplicável...

Amigos passam, são abraços e palavras de incentivo...

Gente nova chega, se apresenta, pergunta : “Vocês são as MMs?”

Sim, somos nós...

A música muda...

Os auto-falantes tocam algo que emociona, um som digno de Grandes Guerreiros adentrando ao local da batalha...

Ela se concentra...

“Senhor! Chegamos à última das 14 partidas... Nos concedeste a chance de chegarmos até aqui dignamente, e eu, mais uma vez humildemente te peço... Faz-nos vencedores, faz-nos Campeões... Pelos que estão longe, pelos mais humildes torcedores que fizeram um imenso esforço para aqui estarem... Se merecermos Senhor, faça-nos Campeões, te peço!”

As lágrimas vertem mais uma vez, desta vez com algumas pessoas na lembrança, gente que ela ama mesmo sem conhecer pessoalmente, gente que aprendeu a amar como mãe...

Começa o jogo...

O adversário faz o primeiro gol, e com ele, ela tem a certeza de que algo de bom acontecerá, porque conhece seus meninos, conhece a força de uma conversa de vestiário...

O segundo tempo começa ainda mais ágil, corrido...

Gol do Sóbis!

Ela fica estática por alguns segundos... È o filme de 2006 passando... Ele veio assinar mais esta conquista...

Gol do Leandro!

Ela cai no choro mais forte, ele merece, é humilde, precisa de espaço para mostrar a que veio... “Meu deus, eu torcia tanto por isso!” E comenta com a amiga ao lado... “Nosso menino! È gol do Nosso Menino!”

Roth chama Giuliano... O predestinado, o iluminado por uma fé inabalável e uma competência ímpar... Ela pensa... “Ele tem de fazer o dele, essa Libertadores é dele, chegamos aqui por ele!”

Nossa mais linda torcida canta muito, estamos agitados, aguardando somente manter este resultado para o grito maior...

E ele vem, com Gol de Giuliano...

Todos se abraçam, cantam, dançam, choram muito...

Era mais uma façanha do Menino-Homem mais confiável e seguro naquele momento...
A festa inicia, entrega dos troféus...

O Gigante Bolívar, o General, Nosso Guerreiro Capitão levanta a taça...
Rolam lágrimas que vem da infância...

Dos anos 90...

Das humilhações pelas quais ela já passou...

Pelo Orgulho de ser Colorada!

Somos Bi Campeões da Libertadores da América...

Esta que hoje, mais do que nunca é VERMELHA...

E o Mundial ainda está por vir...

O Bi do Mundial virá e ela tem a plena certeza de que o Inter será sim, Bi do Mundial...

Porque ela confia naqueles meninos, porque ela, assim como a multidão Alvirrubra merece...

E que assim seja!

Texto Lu Lima

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